Você sabe com quem está falando? A ilusão da egolatria

Autor: Luís Fernando Lopes*

Episódios de pessoas que se julgam superiores e acima da lei, infelizmente têm se tornado comuns na sociedade brasileira. Num país marcado por um histórico de analfabetismo e negação da educação, sobretudo à camadas mais pobres da população, atitudes como essas apresentam-se como reflexo de um histórico de desigualdade que para alguns infelizmente é considerado natural.

Há pessoas que se consideram superiores e com a prerrogativa de humilhar publicamente aqueles que se consideram inferiores. O fato de ter trilhado um caminho de conquistas no horizonte da formação e no campo profissional ao invés de funcionar como um indutor de solidariedade e humanismo, converte-se em motivo de egolatria e justificativa para a manutenção da desigualdade.

É fato que ocorreram falhas nessa trajetória formativa, sobretudo no que diz respeito à formação humana. E faz muito sentido refletir sobres questões como essas em um momento histórico de desvalorização das ciências humanas, com desculpa de que são inúteis. A falta desses conteúdos, ou o seu desprezo na formação humana parece mostrar de imediato os seus efeitos desastrosos.

Com razão afirmou Schopenhauer que o ser humano é o único animal capaz de fazer mal ao seu semelhante e outros seres simplesmente pelo fato de vê-los sofrer e regozijar-se com esse sofrimento. E a coisificação de seres não humanos também foi alvo das críticas de Schopenhauer, pois animais não podem ser considerados meros meios para quaisquer fins. Buscou mostrar com isso que a moralidade não pode ser a da própria conveniência e apenas a dos semelhantes.

Exige-se submissão e respeito em nome de uma suposta superioridade conquistada em nome de uma meritocracia, cuja igualdade de oportunidades, que deveria ser a sua base é, em grande parte ilusória. E o fato de dizer em grande parte, é justamente para fazer uma ressalva àqueles que enfrentam e todo tipo de preconceito e dificuldades para superar enormes barreiras e concluir um curso superior, conquistar um trabalho digno e continuar lutando por uma vida digna.

Uma das principais razões que podem ser buscadas para explicar esse ódio descabido contra os menos favorecidos está na insegurança. O medo de perder privilégios injustos provoca atitudes reacionárias estúpidas, que agridem, assolam e afrontam a dignidade humana. Que mérito existe em manter uma pretensa superioridade em nome de anos de estudo cujo o foi negado aos mais pobres? Por que continuar sendo parte do problema, quando o dever ético nos obriga a ser parte das soluções?

O que eu e você podemos dizer e fazer para que essa realidade seja transformada e o verdadeiro respeito pela humanidade impeça que atitudes irracionais não voltem a se repetir?

* Luís Fernando Lopes (foto) é professor da área de Humanidades da Escola Superior de Educação da Uninter.

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Autor: Luís Fernando Lopes*
Créditos do Fotógrafo: Divulgação


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